sábado, 29 de novembro de 2008

"Por você eu faria mil vezes"

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Um estranho no ninho

Sala de espera de médico é sempre o mesmo blá blá blá: a demora. Olhei no relógio e marcava 14h10. Próximo a mim conversavam quatro mulheres e um senhor, que vestia calça preta e camisa verde desbotada. O papo não me agrada nem um pouco, ponho os fones de ouvido e toca Pedro Mariano. Cantarolo em silêncio. De repente me surge uma interrogação. Tiro os fones - como se isso ajudasse a pensar - e me pergunto: o que essse senhor faz numa sala de espera de um ginecologista? Olho curiosa e não vejo nenhuma identificação familiar com as outras pacientes. Recoloco os fones, não dá tempo de ouvir nem duas músicas, escuto a médica chamar o meu nome. Saio do consultório com aquela sensação de que ser mulher não é nada fácil. São 14h50, vou embora e aquele senhor continua na mesma posição conversando com as novas pacientes que esperam para ser atendidas.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Apresentação

Ela é teimosa. No auge dos seus 25 anos busca incansavelmente o que ainda não conseguiu atingir. Poucas vezes frustra-se com a vida. Mas quando isso acontece, age cautelosamente.
Tem traços físicos da mãe e é morena como o pai. Com cabelos e olhos negros, mede 1,67 e pesa 59kg. Gosta do seu corpo e briga com a balança só nos dias de TPM. Dias estes que são suportados por seu pai e seus irmãos mais novos, com quem divide a casa e a responsabilidade.
Estudante de jornalismo, trabalha em um portal de notícias, e não hesita gastar o seu dinheiro com comida, livros e cursos. Adora estudar. O mesmo gosto não é dividido com os irmãos e isso é motivo de briga constante. A Sávia é típica irmã mais velha. Às vezes tem postura de mãe, porém é consciente de sua atuação em casa.
Vista pelos amigos e familiares como a 'menina corajosa', tem medo de decepcioná-los e por isso usa uma capa de heroína. Não é muito sensível e odeia choros. Mas ela chora... escondida... para jamais demonstrar fraqueza.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Chorar de rir

- Tirei zero na prova!
- Fui demitida! Ganhei!
Caimos na gargalhada.
Esse foi o nosso primeiro diálogo depois de trinta dias. Encontrar com ela já é uma competição de novidades. Algumas maravilhosas, outras desesperadoras. A gente fala pelos cotovelos. Somos tão parecidas apesar de sua loirice e da minha morenice. E o mundo pode dar voltas e ela pode dar voltas ao mundo, mas o seu retorno é no mínimo engraçado, mesmo com todos os nossos problemas de paixões e profissões.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hoje eu quero viver o seu mundo

Hoje eu quero ser imprudente. Ter um dia de atitudes inconseqüentes. Hoje eu quero construir o máximo de histórias. Risadas por nada e por tudo e por 24 horas. Hoje eu quero jogar só o seu jogo. Ter um dia “confinada” ao seu corpo. Só hoje eu quero...

domingo, 23 de novembro de 2008

Jogo de Xadrez

Paciência é o segredo
Ele é o meu rei e eu ainda não sou a sua dama
Ele dá passos curtinhos, eu ando todo o tabuleiro
Ele é discreto e eu sou toda exagerada
Ele chega de mansinho e eu já invadi
Ele é cheio de mistérios e eu toda transparente
Ele sabe todas as minhas artimanhas e eu não consigo decifrá-lo
Ele está sempre cercado por outros jogadores e eu sempre em busca do cheque-mate
Surpreendentemente ele avança, e eu recuo
Mas ele é cauteloso e eu inquieta
Ele me estuda para atacar e eu ataco sem pensar
Ele é paciente e eu...
... eu perdi o jogo.

Ouça mais e fale menos!

Parece que está todo mundo numa correria absurda e que a vida social é realmente algo paralelo. Todos fazem as mesmas coisas... muitas vezes em vão. Tanto esforço e tanta cobrança para quase nada. Aliás, eu vivo no “quase”. A minha vontade de recomeçar é sempre tão constante, que agora mesmo sinto a necessidade de mais uma vez jogar tudo para o alto e dar um novo início. Ao meu lado esquerdo, um homem de no máximo trinta anos, faz contas num caderninho. Com a mão esquerda na testa, como se estivesse pensativo e preocupado, de novo faz a mesma conta. Estou no metrô voltando de mais uma tentativa frustrada que me fez perder tempo, aula na faculdade e dinheiro. Paro para atender o celular, é uma amiga dizendo que o “dia foi caótico”. Eu bem sei como foi o meu. Mas segui o conselho “ouça mais e fale menos”. Já estou até imaginando chegar em casa, ligar para minha mãe, e ouvir a frase de sempre “Filha, tenha paciência, tudo ao seu tempo”. Tempo esse que passa rápido demais. Faltam apenas 17 dias para o meu aniversário de 25 anos e nem estar mais magra eu consegui. O homem parou de fazer contas, e com a visão ao longe, ouve música. Faltam três estações e a vontade de voltar pra casa é quase zero, apesar do salto alto incomodar. Sinto-me sozinha no meio desse mundo de pessoas tão diferentes vindas de lugares distintos. Queria poder gritar e fazer as pessoas entenderem o quanto estou fragilizada. Pois é, eu uso uma capa. AMIGOS, EU NÃO SOU TÃO FORTE E CORAJOSA COMO VOCÊS IMAGINAM! Corre uma lágrima que faz borrar a minha maquiagem – mais um utensílio de mulher adulta. Achei que chegaria nessa fase decidida, mas continuo cheia de dúvidas, medos e incertezas. Desço do metrô chorando e todos me olham como se estivesse com dó. Eu respondo com um olhar de reprovação e penso revoltada: “Eu não sou nenhuma coitada, sou mulher, adulta e tenho 25 anos”. Antes mesmo de chegar em casa, minha mãe me liga e diz a frase já esperada. Pareço conhecê-la um pouco. Coloco o pé na sala e ouço: “Filha, está tão bonita, onde foi?” Era o meu pai que nem percebeu minha cara de decepção. Esse, com certeza, foi o melhor momento do dia. E amanhã? Ahhh amanhã é outro dia.

Bola rolando...

Meio de campo. Começa o jogo! Não importa o esporte, ganhar é sempre o ideal. Mas não desse jogo de que falo agora. Nesse o bom é empatar. Mas um empate com gols. Subestimar o adversário nem pensar. Também não vale ficar só na defensiva. A competição tem que ser saudável. Cuidado com as faltas! Elas podem te render um cartão amarelo ou ainda um partida sem jogar. Se a bola for pra lateral, respire fundo e estude a melhor tática. Na grande área, seja cauteloso. Observe se não está impedido. No contra-ataque, derrubar o oponente é algo impensável. Advertência grave é expulsão na certa. Também tem que suar a camisa para não ser substituído. Se fizer gol, relaxe um pouco e ceda. Afinal, empatar é o objetivo.

Vou parar com essa vida

Tutz tutz tutz. Esse é o som que sai do carro dele. E não é baixinho. Ouve-se o barulho e já aponta na esquina o seu corsa preto com rodas brilhantes. Um cumprimento do tipo “Vai Savião” dá o tom da noite. Noite essa geralmente regada de muita bebida e risadas. Acompanha-lo é saber que não tem hora para voltar. O celular não pára de tocar nem por um segundo. E ele tem três telefones. No caminho, por várias vezes o ouço repetir o endereço do local. A balada inicia na porta. Sempre tem entradas “vips” e gosta de dividir as regalias com todos. Vai até o porta-malas do carro e tira uma vodca russa, Stolichnaya, garrafinhas de energéticos e copos descartáveis. Sim! Ele vem preparado e compartilha com os amigos o famoso “esquenta”. Dentro da danceteria, parar só se for pra falar com alguém conhecido e isso acontece o tempo inteiro. Pois é, ele é popular, além de bonito e divertido. Sempre termina a noitada com muito mais amigos do que quando chegou. Galanteador e com um bom humor invejável, tem o dom de agradar as mulheres. No auge dos seus 23 anos, de segunda a sexta, trabalha numa grande empresa, leva a irmã na escola e pega trânsito todos os dias de casa para o trabalho e vice-versa. A noite termina com as gargalhadas embriagadas e papos sobre as paixões vulneráveis. No carro, o cansaço aparece para todos, menos para ele. O dia está começando, o sol aparece e o Márcio ainda tem pique para refletir sobre a vida e contar o quanto é difícil achar a panela de sua tampa. Acreditem se quiser, mas ele também é romântico. Chegamos na minha casa, agradeço por mais uma noite, desço do carro e ele encerra sempre com a mesma frase: “Vou parar com essa vida”.

Estou cega!

Um bom papo acompanhado de um lanche ótimo e sobremesa magnífica. Depois na sala de espera, trailers de filmes e gostosas risadas davam o toque especial. Do outro lado, barulho de pipoca, um copo de chop sendo jogado propositadamente no chão, uma discussão sem fundamento. A noite "tensa" parecia dar o ar da graça. Mas esses eram coadjuvantes, o protagonista do dia foi "Ensaio sobre a cegueira", o filme. Cópia fiel do livro. Até tirou aquela má impressão que eu tinha de que o livro é sempre melhor que o filme, o que me deixava sem tesão em assistir. Mero engano. Enredo pesado, quase sem trilha sonora. Momentos sem imagens e com muito som, me faziam contorcer na cadeira. Horrível era também olhar. Algumas vezes hesitei tapar os olhos. Por instantes, consegui até pensar no ditado: "é melhor ver do que ser cega". Trocadilho? Não! Pura realidade. Eu só não desconfiava, ou nunca parei para pensar, no quanto sou "cega" para um monte de coisa. E não foi só a minha visão a única abalada pela trama. Cheiro. Sim! Tinha cheiro! E era nojento. Exageros? Talvez! Quase meia noite, o público, de no máximo vinte pessoas, sai da sala em silêncio, possivelmente com o mesmos sintoma que o meu: a cegueira branca!

Não tenha expectativas

Certa vez um professor de Relações Interpessoais disse que “se não sabe lidar com decepções, não tenha expectativas”. Desde então, e isso faz dois anos, passei a adotar como lição de casa. É difícil não ficar ansiosa diante de algumas situações, mas confesso ter aprendido a ser um pouco e só um pouco mais tranqüila, apesar de ainda não ser adepta do “deixa a vida me levar, vida leva eu”.

Minha história é constantemente marcada por reencontros e coincidências (se é que elas existem). Um, em especial, tem sido extremamente maravilhoso, mas me fez desaprender tudo que o meu professor havia me ensinado.

E com ele compreendi que... criar expectativas é aumentar a fé e que esperar é também viável. Só não me fez entender ainda que só quem perde ou ganha é quem joga. Por enquanto, o medo me faz ficar no 0 x 0. E o medo também não é de todo mal, me faz agir com cautela, mas quebra toda a minha tranqüilidade.

Ehhh... acho que preciso de mais uma aula!!